10.11.13

um abanar

excerto do documentário feito pelo canal francês/alemão ARTE sobre a filósofa/teorista queer Judith Butler. o documentário completo pode ser encontrado no youtube.




"Há uma estória que saiu há, não sei, uns oito anos, sobre um rapaz que vivia no Maine, e ele andava pela rua da sua pequena cidade, onde vivera a vida inteira. E ele andava com o que descrevemos como um certo abanar; as ancas dele iam para a frente e para trás, de uma maneira "feminina". E conforme ele cresceu e chegou aos 14, 15, 16 anos, esse abanar, esse andar, tornou-se mais pronunciado. Era cada vez mais dramaticamente feminino. Começou a ser assediado pelos rapazes na cidade, e um dia, dois ou três rapazes pararam o seu andar, lutaram com ele. Acabaram por atirá-lo de cima de uma ponte, e mataram-no. Então, temos de nos perguntar porque é que alguém seria morto pela sua maneira de andar. Porque é que esse andar seria tão perturbador para esses outros rapazes, para que eles tenham sentido que tinham de negar esta pessoa, que tinham de expurgar qualquer traço desta pessoa, que tinham de parar esse andar, custe o que custar? Têm de erradicar a possibilidade de essa pessoa alguma vez voltar a andar. Parece-me que estamos a falar de um pânico extremamente profundo, ou de um medo, uma ansiedade que se relaciona com as normas de género. Quando alguém diz: "tens de cumprir a norma, senão, vais morrer", ou "eu agora mato-te porque não estás em cumprimento"... Temos de começar a perguntar-nos sobre qual é a relação entre estar em conformidade com o género, e a coerção."


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